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OPINIÃO: A liquidação do pré-sal dos brasileiros

A fúria entreguista do governo Temer teve mais um triste capítulo na semana passada. Mais uma riqueza do patrimônio nacional foi "praticamente dada de presente" a empresas estrangeiras durante a 4ª Rodada de Partilha da Produção do Pré-Sal, ocorrida no Rio de Janeiro. Shell (anglo-holandesa), ExxonMobil (norte-americana), Chevron (norte-americana), BP Energy (inglesa), Petrogal (portuguesa) e Statoil (estatal norueguesa) arremataram três áreas - Uirapuru, Três Marias e Dois Irmãos - nas bacias de Campos (RJ) e Santos (SP), por míseros R$ 3,15 bilhões. O bloco de Itaimbezinho (Campos), considerado o menos valioso, claro, não teve interessados.

Assim, as multinacionais levaram 70% dos 12 bilhões de barris "doados" a R$ 0,26. A participação mínima garantiu à Petrobras 30% das reservas leiloadas, o que só foi possível em função da resistência da Federação Única dos Petroleiros (FUP) contra o desmonte da Lei de Partilha.

As áreas leiloadas do pré-sal dos brasileiros, de altíssima qualidade, saíram por preço de bananas para as petroleiras internacionais. De acordo com o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Simão Zanardi, "em estudo, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), constatou que são campos muito promissores e com óleo de alta qualidade". Resumindo a conversa: foi um negócio da China para os vencedores do processo e mais um crime praticado por Temer e seus defensores contra a soberania nacional.

Enquanto isso, o país viveu uma paralisação de caminhoneiros e uma greve de advertência dos petroleiros, que exigiam mudanças na política de preços dos combustíveis e do gás de cozinha. Houve quase uma convulsão social provocada pela política de preços adotada pelo ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, que gerou enormes prejuízos econômicos no bolso da população e nos setores da indústria e do comércio.

O governo Temer e seus aliados mantêm, agora com Ivan Monteiro no comando da Petrobras, a política de privatização da empresa e do petróleo brasileiro. "A atual gestão da Petrobras vende ao mercado internacional um petróleo que vai fazer falta ao Brasil. A entrega dessa reserva condena gerações futuras a não poder desfrutar da riqueza desse recurso natural que descobrimos e detemos aqui no país", explica Zanardi. O dirigente da FUP ainda esclarece que existem poços de petróleo brasileiros que chegam a extrair 40 mil barris/dia e que a atual gestão da Petrobras sabota as refinarias nacionais. "Um poço só é quase a produção de um país inteiro como a Itália. Se o Brasil está exportando esse petróleo [óleo] e importando gasolina e diesel é porque está deixando nossas refinarias ociosas", enfatiza Zanardi.

O mais grave é que o governo Temer vende petróleo para depois importá-lo, o que alavanca quase um extermínio da produção nacional e fragiliza, ainda mais, o bolso dos consumidores. Isso que o Brasil já demonstrou que tem condições de produzir os derivados no próprio país por um preço bem menor do que oferece hoje a Petrobras.

É preciso barrar, e a eleição de outubro é o caminho para a manutenção da democracia e da defesa do patrimônio nacional, projetos políticos entreguistas e descomprometidos com o presente e o futuro do povo brasileiro. Os vendilhões das riquezas do país devem receber um sonoro não nas urnas.

Darcy Ribeiro já dizia: "Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.

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